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Dia Internacional da Criança com Cancro

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A Oncologia Pediátrica é, em termos numéricos, uma pequena parcela de toda a Oncologia. Tem, no entanto, um impacto social crescente, na medida em que o aumento do número de casos, e, sobretudo, o aumento da taxa de cura, actualmente acima dos 75%, com algumas patologias a aproximar-se dos 100% resultam num grande número de sobreviventes em Oncologia Infantil.

Esse número está estimado, na actualidade, em 1 de cada 600 adultos jovens.

A qualidade de vida, ao longo dos últimos 20 anos, tem beneficiado de fármacos e atitudes terapêuticas que reduziram, de forma notável, os vómitos, as queixas dolorosas, a frequência e gravidade das infecções. Actualmente, a doença trata-se, em grande parte, em ambulatório, permitindo à criança uma maior proximidade a uma vida normal.

A morte, lamentavelmente ainda presente, é, no entanto, rodeada de cuidados de conforto, que vão desde o tratamento da dor e de outros sintomas, à proximidade da família e dos amigos e ao crescer do apoio domiciliário.

A qualidade do futuro, se bem que presente como preocupação de longa data, só começa a ter algumas conquistas ao longo das últimas duas décadas, depois da sobrevivência se ter vindo a consolidar em taxas mais próximas do desejável.

Existem, definidas internacionalmente, linhas gerais de cuidados e condições de funcionamento das Unidades de Oncologia Pediátrica.

Podemos considerar que, neste momento, a Oncologia Pediátrica em Portugal reúne a maioria dessas condições.

Um passo importante foi o lançamento do Registo Oncológico Pediátrico Português. Desta forma ficaremos em condições de participar no Registo Oncológico Pediátrico Europeu.

A centralização do registo oncológico a nível internacional constituirá, a médio prazo, uma plataforma de suporte para os estudos multicêntricos internacionais.

Desde 1955, em que a verdade referente à Leucemia Linfoblástica Aguda era “tratar-se de uma doença sempre fatal”, até aos actuais 86% de sobrevida aos 5 anos, muito se avançou; parece, agora, mais difícil, optimizar os resultados.

Só a participação em estudos multicêntricos internacionais permitirá o salto para a real integração europeia do tratamento do cancro infantil, a fim de optimizar resultados e combater ameaças internas e externas a esse progresso; internas, porque os recursos financeiros e humanos tendem a escassear, externas, porque as actuais tendências legislativas, a nível europeu, no que refere à protecção de dados, com o objectivo de proteger os doentes, e da forma como está concebida, pode bloquear ou mesmo impedir toda a investigação biomédica necessária a essa optimização de resultados.Importa, neste momento, corporizar e organizar transversalmente, a nível nacional, a Pediatria Oncológica, utilizando os recursos existentes e criando uma estrutura que ultrapasse a lógica local e seja interlocutora a nível internacional, para a participação nesses estudos.

Esse é o desafio para os próximos tempos!

 

Dr.ª Filomena Pereira

Presidente da Sociedade de Hematologia e Oncologia Pediátrica

da Sociedade Portuguesa de Pediatria