No âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala hoje, a Sociedade Portuguesa de Pediatria apoia a campanha elaborada pela Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia à qual se associa também o Corpo Nacional de Escutas, o maior movimento juvenil a nível nacional e mundial.
O mote da campanha “Larga a chupeta. Fumar é ridículo” desafia os jovens fumadores a assumirem uma postura diferente perante o tabaco. A mensagem é muito simples e direta: “Fumar é ridículo”, tão ridículo quanto usar chupeta em idades impróprias, um comportamento que José Pedro Boléo-Tomé, Coordenador da Comissão da Tabagismo da SPP, explica: “sabe-se que a maior parte dos jovens inicia o consumo por curiosidade e influência de amigos ou de grupos. Trata-se de uma forma de afirmação e integração em grupos que se querem evidenciar pela ousadia ou rebeldia de fumar. A campanha deste ano não faz mais que ridicularizar o ato de fumar, incutindo nos jovens uma postura de afirmação positiva dizendo não ao tabaco”.
A campanha tem estado a decorrer durante o mês de Maio e está disponível para consulta e download em
AQUI.
Este apoio da SPP surge na sequência da reunião anual da Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia que decorreu a 30 Abril e na qual os pediatras também participaram activamente. Este ano a Comissão de Tabagismo desafiou outras especialidades a intervir, especificamente na “Mesa-redonda: Oportunidades de cessação noutras especialidades” onde coube à pediatria pronunciar-se sobre “Intervenção tabágica em pais de crianças com doença respiratória”.
A verdade é que apesar de pouco debatido, cada vez é mais reconhecido que o pediatra deve desempenhar um papel ativo no Controlo do Tabagismo. Este profissional não só lida com os pais e prestadores de cuidados eventualmente fumadores como também com adolescentes, altura da vida em que muitos iniciam os seus hábitos tabágicos. O pediatra tem oportunidades únicas de intervenção, não só pelo seu papel fulcral na prevenção primária e promoção de adopção de estilos de vida saudável como também em situações de pais jovens e saudáveis, onde este pode ser o seu único contacto com os sistemas de saúde.
Vários métodos de intervenção em tabagismo têm vindo a ser elaborados e melhorados e as intervenções em ambiente pediátrico têm tido algum sucesso. A intervenção breve permanece consistente com as estratégias de intervenção recomendadas a nível nacional e internacional. No entanto, os médicos portugueses ainda não estão conscientes do seu papel no Controlo do Tabagismo (CT) sendo a educação o preditor mais consistente de participação em CT.
No último relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo “Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números – 2015” publicado em Fevereiro de 2016 pela Direção-Geral da Saúde, uma das suas recomendações é: “Incentivar a cessação tabágica através da melhoria da formação pré e pós graduada dos profissionais de saúde na realização de intervenções breves (…)”. Especificamente, a formação dos pediatras em políticas e intervenções no CT é uma lacuna identificada e a Educação Médica Contínua nesta área deve ser uma aposta das Sociedades Científicas. A parceria entre as Sociedades Portuguesas de Pediatria e Pneumologia já está criada e protocolada, o que facilitará o acesso dos pediatras às acções de formação em CT já programadas pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia, um passo indiscutível nos planos nacionais em CT da DGS.
Texto elaborado por Dra. Carolina Constant para o Portal SPP 2016.05.23©